A obra reflete a vasta experiência de André Medici, adquirida em muitos anos de atuação em saúde. Aborda relevantes temas atuais como o desafio da universalização do acesso, a equidade de tratamento, as diferentes escolhas das sociedades no tempo, a necessidade de se desenharem novas formas de organização institucional, a contribuição da iniciativa privada – temas complexos tratados com profundidade em escrita leve e de agradável leitura. Encontram-se contribuições lúcidas em temas sensíveis como as difíceis escolhas do atendimento diante da escassez de recursos. A leitura é um convite a reflexões sobre os dilemas que as sociedades precisam enfrentar.

Este livro traz reflexões a respeito do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Programa de Saúde Familiar (PSF), buscando estimular estudantes e profissionais da área a compreender que a saúde não está separada do conhecimento acerca do corpo (individual e coletivo). É esse o sentido que se pretende conferir ao entendimento de uma saúde coletiva envolvida com a doença, com os riscos e com os custos, visto que o discurso e a prática carecem de um novo olhar, o qual deve partir dos profissionais de enfermagem, considerando o passado e o futuro da saúde pública no Brasil.

Antes de ser o que é hoje, a NR-7 tratava dos ""Exames Médicos"", reduzindo o papel dos médicos do trabalho ao de meros examinadores ou, ainda pior, ao de ""selecionadores"" de trabalhadores saudáveis que pudessem ""garantir"" a produção. Certamente um papel muito pequeno para um assunto de tanta relevância social, como o trabalho e a saúde. Por isso, quem viveu os anos 1990 e viu nascer o conceito de gestão integrada, a partir da adoção do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, tinha muitos motivos para comemorar. Entre 1995 e 1996, uma janela de oportunidades se abriu e, junto com ela, um caminhão de responsabilidade veio a reboque. Talvez os médicos do trabalho não tivessem preparados para uma mudança tão grande em seu papel social. Ou, talvez, tenham imaginado que a tarefa que se propunha era mais simples do que realmente o é. O fato é que atravessamos décadas e chegamos em 2016 ainda com uma necessidade imensa de aprender sobre o reconhecimento e a avaliação de riscos, os agravos à saúde, a importância da vigilância em saúde do trabalhador, a aplicação da análise clínica-epidemiológica e a gestão integrada de saúde, higiene e segurança. Isso tudo demanda uma dedicação contínua aos estudos, e o caminho desse aprendizado por ser árduo, mas, vez por outra, surge alguém para torná-lo mais suave para todos - que é o que acontece neste livro. Por isso, espero que todos possam trilhar esse caminho de aprendizado e, mais importante, levar o conhecimento adquirido para práticas cada vez melhores e mais inclusivas na saúde do trabalhador.